Cálculo de Banda Necessária

Parte I – Bases

Uma das mais comuns fontes de decepção e chamados de suporte para qualquer técnico que necessita de transmissão de dados para outros locais é justamente não conseguir que a informação necessária chegue em seu destino de forma satisfatória. Clientes ligando porque não conseguem receber os arquivos ou imagens são situações que devem e podem ser evitadas se o profissional souber realizar os cálculos corretos para estimar corretamente o que é minimamente necessário para satisfazer as necessidades de seu cliente.

Neste artigo transportaremos parte de um treinamento entitulado “Introdução de Redes para CFTV” que ministramos aos nossos clientes para ilustrar como é feito o cálculo.

BASES

O primeiro passo é compreender corretamente as “bases” em que nos apoiamos. A primeira delas é compreender que toda informação que vemos “circular” hoje é transmitida por um computador. E é necessário expandir o conceito de “computador” para além daquele aparelho com um gabinete, teclado, mouse e monitor que muitos de nós temos em casa.

Computador é tudo aquilo que “computa” e computar é, em um de seus sentidos literais, contar. Então tudo que computa de forma autônoma com o objetivo de produzir uma informação (dados) é um computador. E porque estamos lhe explicando isso ? Para que você compreenda que quase tudo que lhe cerca hoje realiza esta tarefa. Sua TV Smart e celular são simples exemplos, dentre outras centenas possíveis que lhe cercam diariamente, de computadores que você usa e não os chama por este nome.

Uma forma rústica, mas eficaz de você identificar um “computador” é verificar se o aparelho recebe informações suas de alguma forma e se guarda informações para uso posterior. Se isso ocorre com o aparelho, muito provavelmente ele é um computador.

A informação mais importante para nosso objetivo de calcular a banda e que está na estrutura de criação dos computadores é que eles são binários. Compreendem tão somente sinais “positivos” ou “negativos” de energia, que para facilitar para nossa compreensão e comunicação normalmente convertemos em representações gráficas com 0 (zero) e 1 (um), “+” e “-“, verdadeiro ou falso, certo e errado, etc.

BASE BINÁRIA E BASE DECIMAL

Assim, matematicamente falando, a capacidade de estabelecer uma informação do computador é “binária”, ou seja, só comporta duas situações. E como computadores são em sua essência “contadores” a base matemática para nossos cálculos também será a binária (0 e 1).

O que não se deve esquecer é que nós convencionamos usar a base decimal (0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9) para o nosso cotidiano. E isto nos influenciará em uma certa confusão muito comum quando se trata de “tamanho” de dados a serem transmitidos e armazenados.

BITS E BYTES

A menor unidade de MEDIDA para uma informação é o BIT. Gráfica e matematicamente ele é representado por 0 ou 1. Eletricamente ele é negativo (0) ou positivo (1).

Entretanto é essencialmente impossível transmitir ou armazenar um único bit de forma inteligível. Há uma série de protocolos que tem por objetivo a segurança e a correção das informações que fazem que os dados (informações) à serem transmitidos de um ponto à outro contenham muito mais “bits”. E embora este seja um tema muito esclarecedor para compreender corretamente “como” funciona a transmissão e armazenamento de dados, é também muito extenso e complexo. Desta forma “aceitaremos” a simples afirmação de que não é possível transmitir ou armazenar de forma compreensível um único bit como informação.

Esta conclusão nos leva ao fato de trabalharmos muitos “bits” para transmitir ou armazenar uma única informação e por conseguinte usarmos as definições de múltiplos, que tão bem aplicamos na nossa matemática, para a nossa base binária de bits.

CONFUSÃO

É neste ponto que surge uma confusão e sua origem remonta ao “primórdios” da “informática”, quando a indústria precisava informar ao consumidor comum o “tamanho” de seu dispositivo sem lhe fazer voltar aos bancos escolares para explicar a base binária.

Como explicamos acima computadores usam a base binária e por convenção nossos múltiplos do cotidiano, de base decimal, estão organizados em milhares. Então 1000 unidades é 10 elevada à 3ª potencia (10³). Entretanto computadores tem base binária e não há número inteiro que elevado à outro número resulte em 1000 unidades. Assim o multiplicador de milhar para a base binária é 1024 (210).

A indústria continua usando a boa e velha base 10 para quantificar e por isso temos a confusão. No quadro abaixo usamos o exemplo de um HD de 500 GB para ilustrar a diferença entre o que está na etiqueta do produto e o resultado que seu computador lhe dá quando você consulta a informação.

Você deve ter estranhado os nomes que definem os múltiplos na base binária. E isto é bastante comum, pois os nomes usados pela indústria são os mais conhecidos e até mesmo o conceito de “1024”, o que acaba causando uma associação indevida, pois são situações distintas.

Uma curiosidade que ajudou a ampliar o quadro de confusão é o fato de sistemas operacionais sempre apresentarem os totais relativos à tamanho dos dispositivos de armazenamento em bytes. Mais recentemente alguns sistemas, como Windows por exemplo, passaram a dar as duas informações.

Perceba que o total em bytes não reflete o número de milhar em GB.

Dada essa situação há empresas que adotam o 1000, enquanto outras adotam o 1024. Embora usem a mesma nomenclatura. Por isso é importante que você saiba reconhecer sobre qual base estão aplicando. O Windows, por exemplo, nos mostrou o resultado em bytes e ao mostrar o total em seu múltiplo de bilhão (Giga – GB) e trilhão (Tera – TB) usando os mesmo símbolos aplicados para a nomenclatura decimal embora tenha feito o cálculo baseado em binário.

Abaixo temos os múltiplos em base decimal e binária e suas respectivas nomenclaturas.

CONCLUSÃO – Parte I – BASES

É imperioso que você consiga compreender o que “lê” nos manuais de seus dispositivos e nos guias e contratos de prestação de serviços de quem lhe fornece o pacote de dados.

E embora o dispositivo vá sempre se valer da base binária para trabalhar, pois está incapacitado pelas leis da física de agir de forma distinta, a compreensão dada por um ou por outro pode ser diferente e lhe causar confusão.

No próximo post falaremos sobre o tamanho das imagens e CODEC.

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