HD PARA VIGILÂNCIA

O principal motivo de se manter um sistema de monitoramento é recuperar as imagens captadas pelas câmeras. Infelizmente existem instaladores que prezam pela qualidade das imagens que não se lembram de seu objetivo principal ao montar o sistema e optam por colocar dispositivos de armazenagem inadequados buscando diminuir custos.

Sistemas de monitoramento capturam até 30 quadros por segundo de cada câmera por até 24 horas por dia, 7 dias por semana. E este mesmo sistema tem que ser capaz de garantir que tais imagens estejam prontas para visualização dentro do prazo previsto. Por conta desta necessidade as fabricantes de dispositivos de armazenamento de dados desenvolveram produtos específicos para este fim.

Um Hard Disk, ou disco rígido, para micro computadores é desenvolvido para atender o ritmo de trabalho que estes dispositivos requisitam, por volta de 8 horas por dia gravando alguns arquivos e lendo arquivos gravados. No uso de um computador é mais comum que as operações sejam de leitura de arquivos que gravação de arquivos. Nos dispositivos que gravam imagens de sistemas de monitoramento o que ocorre é que por quase todo o tempo são realizadas gravações, e gravações de múltiplos arquivos simultaneamente. Estes dispositivos específicos são projetados para atender as necessidades e trabalhar com 90% do tempo gravando 24 horas por dia, sete dias por semana.

Apesar de aparentemente as diferenças entre um HD comum para PC e um HD para vigilância estarem restritas à etiqueta, e isto ser a fonte da crença que são produtos iguais, esta é uma ideia errada no que se refere à estes produtos. Este é um excelente exemplo que retrata a velha máxima “parece mas não é”. São produtos de composições absolutamente distintas.

Nesta matéria tentaremos fazer um misto entre análise e apresentação de um produto dedicado à este objetivo de atender as necessidades deste mercado e para isso temos que explicar umas das principais informações, embora hajam outras também relevantes, que instaladores e usuários de sistemas de monitoramento devem levar em consideração para a definição de qual dispositivo de armazenamento (HD) é o mais adequado aos seus objetivos.

MTBF – Acrônimo de Mean Time Between Failures, que em tradução literal significa Tempo Médio Entre Falhas, é um indicador de confiabilidade de um produto. É o tempo estimado entre falhas aleatórias (defeitos) que um produto apresenta dentro das condições previstas para seu funcionamento correto, excluindo-se as falhas decorrentes de erros de fabricação e término de vida útil previsto do dispositivo. Quanto maior o MTBF de um produto menos propenso a falhas ele é, e por consequência mais duradouro e estável em sua função.

Limite de Carga de Trabalho – É estabelecido como a quantidade máxima prevista de escrita do dispositivo em um determinado tempo. No caso de HDs o período é de 1 ano. Não é um limite que quando alcançado imponha a paralisação do dispositivo, mas sim que estabelece a partir de que ponto o dispositivo esta sendo usado fora de suas especificações. Como todo tipo de material a superfície magnética dos discos de um HD é projetada para um ciclo de funcionamento, no caso de gravação e leitura, que atenda sua aplicação. Exceder o previsto acelera o desgaste do dispositivo reduzindo sua durabilidade e aumenta a probabilidade de falhas.

Horas de Atividade por Ano – É o número total de horas previstas de funcionamento dentro do intervalo previsto de 1 ano de uso. Da mesa forma do que acontece com o equipamento que excede o Limite de Carga, o uso além das horas previstas do equipamento no prazo previsto reduz sua durabilidade e aumenta a probabilidade de falhas ocorrerem.

O MTBF é um parâmetro indicador de confiabilidade, mas o Limite de Carga e as Horas de Atividade são indicadores de limites de utilização para um bom funcionamento que garantam o MTBF previsto. Exceder estes dois últimos não acarreta nenhuma perda imediata no funcionamento do dispositivo, e talvez ai esteja a fonte para crença que seja “tudo igual” e que leva à prejuízos irrecuperáveis. A excelência na produção de discos rígidos alcançada pelos grandes fabricantes tem proporcionado o funcionamento do dispositivo por tempo considerável mesmo em condições de uso fora de suas especificações. Entretanto não há garantia de que isso vá ocorrer sempre e muito menos que os dados estarão íntegros quando necessário. E é justamente objetivando a garantia da existência destes dados íntegros que se investe no desenvolvimento de produtos que tenham limites maiores e atributos específicos para esta aplicação de armazenamento de dados de monitoramento.

Um disco rígido voltado para sistemas de monitoramento tem componentes internos com composição diferente da usada para discos voltados para o mercado de micro computadores e o firmware, software de instruções de funcionamento incorporado ao dispositivo, deste tipo de disco é otimizado para o tarefa que se destina.

A Seagate foi a primeira empresa a fabricar um hard disk para microcomputadores e isso é o cartão de visita do tipo de empresa que nunca saiu do topo da lista das melhores desenvolvedoras de tecnologia em dispositivos de armazenamento. É claro que uma empresa com este perfil estaria presente para atender as necessidades deste mercado. A Seagate tem profissionais que viajam o país fazendo palestras e difundindo conhecimento técnico. Um destes profissionais é Osvaldo Junior que forneceu diversos dados sobre o dispositivos da Seagate.

Em primeiro lugar vamos comparar um disco para computadores e um Skyhawk, ambos de 1 TB da Seagate, as especificações apresentadas pelo fabricante que são mais importantes para o público de instaladores e usuários de sistemas de monitoramento.

MTBF – Tempo médio entre falhas
LCTN – Limite de Carga de Trabalho Nominal
HAA – Horas de Atividade por Ano

A diferença é realmente grande entre os dois produtos. Enquanto um disco de computador é fabricado para funcionar 2400 horas em um ano, aproximadamente 7,7 horas por dia em uma semana de 6 dias, o disco dedicado à sistemas de monitoramento é construído para funcionar por 8760 horas por ano, ou seja 24 horas por dia em 365 dias por ano. Se aplicássemos o regime de funcionamento previsto para um Skyhawk no disco Barracuda ele atingiria o previsto para um ano de seu funcionamento em apenas 100 dias.

No que se refere à quantidade de dados gravados nos discos as discrepâncias são igualmente grandes. O disco Barracuda é construído para escrever até 55 Terabytes de dados por ano enquanto o disco Skyhawk é preparado para escrever até 180 TB no mesmo período. É uma diferença de aproximadamente 70% entre os modelos.

O tempo médio entre falhas previsto para o modelo Skyhawk é também superior ao disco Barracuda. E embora seja a tendência natural comparar diretamente os resultados é importante ressaltar que os testes são feitos para atenderem os requisitos de funcionamento previstos para os discos testados. No caso do Skyhawk é previsto o funcionamento gravando 90% do tempo. O que é diferente do funcionamento previsto do Barracuda.

O firmware ImagePerfect do modelo Skyhawk é baseado na tecnologia MTC, Multi-Tier Caching, que permite o fluxo de imagens de até 64 fluxos de vídeo em resolução HD. Seu algorítimo inteligente reduz os erros nos dados e seu suporte ao conjunto de instruções ATA-8 prioriza a entrega dos dados em vez de sua integridade como é o caso de firmwares de discos para PC. Este mesmo conjunto de instruções é otimizado para permitir o sequencias de blocos de arquivos, o que em discos para computadores é limitado. Outras tecnologias integram o firmware do Skyhawk e para melhores informações leia a documentação do link.

Abaixo vemos as especificações completas dos modelos Skyhawk e Barracuda de 1 TB.

Especificações do Seagate Skyhawk 1TB

Especificações do Seagate Barracuda 1 TB

A linha é fornecida no modelo Skyhawk para dispositivos DVRs e NVRs padrão, com tamanhos de 1 a 10 TB. Os modelos de 4 a 10 TB dos Skyhawk também contam com o Health Management que ajuda a prevenir perda de quadros. Os NVRs 4.0 da Hikvision e alguns NVR Dahua selecionados tem o SHM integrados. Os modelos Skyhawk AI são destinados a dispositivos de monitoramento que trabalham com Inteligencia Artificial. São exemplos de aplicação destes modelos as Tecnologias Deep in view e Deep in Mind da Hikvision. Os Exos X12 da linha Skyhawk tem como objetivo a Análise Centralizada de imagens.

CONCLUSÃO

A lógica simples nos leva a concluir que usar outro tipo de dispositivo que não seja os discos rígidos específicos para vigilância é arriscar não cumprir com o objetivo principal de todo o investimento feito em monitoramento. Todo o investimento feito em imagens de alta qualidade capturadas por câmeras de alta tecnologia e interligadas pelas mais modernas tecnologias à DVRs ou NVRs, bem como os valores gastos com serviços e pessoal de monitoramento não faz sentido algum se as imagens não puderem ser recuperadas, quando necessárias, tendo em vista o dispositivo de armazenamento inadequado.

A Seagate mais uma vez fez por merecer o status que detém em seu ramo de atividade como empresa que apresenta não só produtos de excelência, mas também como empresa que investe pesado em desenvolvimento de produtos de alta tecnologia. E a linha Skyhawk é o exemplo tácito de toda a capacidade de desenvolvimento de tecnologia de ponta que a Seagate entrega aos usuários de seus produtos.

MTBF

O termo é um acrônimo de Mean Time Between Failures, que em uma tradução literal significaria Tempo Médio Entre Falhas. É um indicador que usa média de horas de funcionamento entre falhas como base de informação. Entretanto o cálculo não é uma média aritmética, mas sim um cálculo estatístico que muda de acordo com o fabricante. Isto impossibilita a comparação entre produtos de fabricantes diferentes.

Um exemplo de cálculo aplicado é de utilizar-se um datacenter com 1.000 unidades de um mesmo disco e colocá-lo para operação 24 horas por dia e 7 dias por semana, monitorando seus funcionamentos até que seja registrada uma falha. É importante entender o que é entendido como falha. Ao contrário do que pode sugerir, não é a falha do dispositivo como um todo, mas sim qualquer tipo de falha. Desde uma falha simples de leitura até um defeito mecânico é entendido como falha. Então se ocorrer uma falha depois de 750 horas de funcionamento deste conjunto é multiplicado este número de horas pelo número de dispositivos participantes do teste, resultando em 750.000 horas de funcionamento entre falhas.

Entretanto é preciso compreender que cada fabricante estabelece sua metodologia de cálculo e isto implica que não há forma de comparação direta entre os números apresentados como MTBF de produtos da mesma categoria e fabricantes distintos.

DETECÇÃO DE MOVIMENTO EM CFTV

A detecção de movimento é uma das principais ferramentas que se utiliza e vende para usuários de sistemas de monitoramento. Mas é realmente o que entendemos por movimento, aqui definido como algo ou alguém em movimento, que é detectado por estes sistemas ?

Para responder esta pergunta é preciso primeiro definir o que deverá ser entendido como movimento. É nesta hora que instaladores iniciantes e clientes caem na primeira armadilha. Com o compreensível entendimento de que quando se aplica o termo movimento estão se referindo à alguém ou algo movido por decisão de alguém, muitos não fazem ideia que não é este o parâmetro utilizado e por vezes tem frustrações nos resultados de seu sistema.

A “detecção de movimento” nos sistemas de monitoramento é feita através da comparação entre imagens. Uma câmera captura diversos frames, também conhecidos como quadros ou foto, por segundo. Durante este processo o sistema de monitoramento realiza uma comparação entre cada um dos frames, identificando se há alguma diferença entre cada ponto (pixel) de cada destes frames.

Imagem com alteração na luz e detectada como movimento.
Imagem sem alteração

 

 

 

 

 

 

Como pode ser constatado nestas duas imagens de exemplo a única diferença entre uma e outra é a iluminação que na segunda se apresenta sobre a parede ao fundo da imagem. Não há objetos se movimentando ou pessoas passando. Entretanto o sistema detectou que as imagens não são idênticas e portanto “há movimento” que determina a gravação.

A segunda armadilha da detecção de movimento é acreditar que porque o sistema detecta alterações entre imagens o usuário ou instalador tem que simplesmente aceitar e contar com gravações que mostram alterações nas luzes, pássaros passando ao longe e outros tipos de mudanças sem que se possa fazer nada para tratar estas gravações desnecessárias para quem deseja tão somente a gravação mais objetiva de suas imagens.

Todo aparelho que se destina a captar e gravar estas alterações possui ajustes que permitem determinar a sensibilidade com a qual o sistema irá tratar tais alterações nas imagens. Ao aumentar a sensibilidade o sistema exigirá menor número de pixels (pontos) alterados para interpretar que há uma alteração que deva ser tratada como “movimento” e ao diminuir a sensibilidade maior será a área que deve ser alterada para que o sistema entenda como “movimento”.

AJUSTES DO SISTEMA DE MONITORAMENTO SEM DESPERDÍCIO DE ESPAÇO EM HD

A melhor forma de ter um sistema que atenda as necessidades de usuários de sistemas de monitoramento na captura de imagens por movimento é realizar ajustes de sensibilidade para cada um dos canais de captura de imagens.

Para realizar qualquer adequação das configurações é imperioso que se tenha a correta ideia do que o cliente ou usuário deseja como resultado em cada um dos canais. Desta forma é recomendável que seja feita uma pequena reunião entre instalador e cliente de forma que possam ser apontadas para cada câmera instalada as expectativas de detecção de movimento e outros aspectos como ajustes de imagem para a área desejada.

A detecção deve ser ajustada com o auxílio de objetos de tamanhos adequados e pessoas que deverão ser movidos diante das câmeras para que o instalador possa ajustar a sensibilidade, aumentando ou diminuindo conforme a necessidade. É nestes ajustes que há uma terceira armadilha para o instalador inexperiente e o usuário iniciante. Na tentativa de diminuir as gravações desnecessárias o instalador ou usuário diminui a sensibilidade de forma que pequenos animais ou objetos deixem de provocar a gravação. O que eventualmente é esquecido é que um objeto ou pessoa que fique por tempo suficiente parado na imagem passa a fazer parte do quadro inalterado da imagem e não dispara mais a gravação. O tempo que é necessário para que um objeto ou pessoa seja incorporado à paisagem é definido pelo período de pós gravação, período que o sistema continua gravando após detectar que não há mais alterações na imagem, escolhido pelo instalador ou usuário. Como reduzir a sensibilidade aumenta necessariamente a área a ser alterada para que se dispare a gravação existe a possibilidade que em determinadas situações o dispositivo deixe de gravar uma determinada ação que por princípio o cliente ou usuário desejavam ter gravados. Isto ocorre muito comumente em áreas aonde pessoas tenham suas estaturas reduzidas como por exemplo escritórios.

Máscara de detecção de movimento sem a indicação de detecção devido a sensibilidade baixa.
Máscara de detecção indicando movimento.

 

 

 

 

 

 

 

Uma pessoa ao adentrar à uma área que seja monitorada em um escritório e sente-se em uma mesa terá a sua estatura diminuída e a não ser que faça movimentos exagerados com os braços e mãos pode passar a ser ignorada pelo sistema de monitoramento a partir de um determinado tempo. Um digitador em uma sala em que o canal tenha sido configurado para gravar por detecção de movimento e a sensibilidade seja baixa pode passar por todo tempo que estiver na sala sem ser gravado e só sua entrada e saída seriam registradas.

É muito importante que as decisões sobre a detecção de movimento tenham participação direta do cliente / usuário e que todos os detalhes e consequências destas configurações sejam amplamente esclarecidas. A inobservância destes preceitos poderá acarretar na frustração do cliente / usuário que só perceberá a falha quando houver a necessidade de recuperação de imagens e não as encontrar por não terem sido gravadas.